sexta-feira, 8 de julho de 2011

SUGESTÃO DE LEITURA - PORQUE O FIM DE SEMANA ESTÁ AÍ

Jan Arnberg não é um homem comum. Afinal, carrega o peso de uma maldição que, há várias gerações, teima em não largar a sua família. Por mais empenhado que seja na procura de alternativas que lhe permitam escapar a uma vida marcada pela miséria, limita-se a acumular frustrações que lhe relembram em permanência quão infeliz é. “Perdi o meu nome, o meu nome de família. Sou apenas o Jan.

Um belo nome curto para um cão”, escreve o protagonista, num dos inúmeros apontamentos demonstrativos do desânimo que se apoderou de si. Se as premissas do livro são claras, o tom complexo, denso e envolvente que caracteriza a escrita de Hjalmar Bergman encarrega-se de incutir uma óbvia marca de singularidade.

O elevado grau de exigência que marca a sua escrita só vem tornar ainda mais recompensadora a leitura de Memórias de um morto.Nesta verdadeira elegia do fracasso, o romancista prova que a fatalidade ou a desolação podem constituir, como é o caso, a argamassa ideal para a construção de cenários ficcionais cativantes. Incensado na Suécia como um dos maiores autores do século XX, Hjalmar Bergman permanece desconhecido em Portugal junto da esmagadora maioria dos leitores. Uma falha que a publicação de Memórias de um morto pela Eucleia Editora vem colmatar parcialmente.
(Sérgio Almeida)

MEMÓRIAS DE UM MORTO
Hjalmar Bergman
Eucleia
18,02 euros

Retirada daqui